Thursday, January 11, 2007

Três

... foi a conta que deus fez, já dizia a minha santa tia qualquer coisa, uma daquelas que nos apalpa a cara como se estivesse a bater a massa para uma broa.
Odeio o número três e tudo o que ele representa. Para já, é a primeira das tabuadas mais difíceis de ensinar. É a que traz mais dúvidas depois de se ensinar a do dois. Principalmente porque as sementes do diabo pensam que vai ser tudo, e cito "canja", depois da dois. Só quando se chega felizmente à tabuada do cinco é que o mundo se torna mais negro, vêm aí a outras... e o resto dá-se no terceiro ano.
O três é também o meu canal de televisão que nunca se sintoniza. Acho que me esqueci de como é ver a Sic e a coitadinha das coitadinhas Floribella. As saudades que eu tenho de ver uma bela manhã de Fátima Lopes non-stop, ou de devorar umas 7 novelas brasileiras de seguida.
O três é também o número de multas que apanhei para ficar sem carta de condução.
E o três é o número de meses que vou estar sem ela.
Também é o número que surge quando uma relação está a começar a correr menos bem. Mas que para muitos é quando ela começa a correr melhor. Logo há partida é mau porque três não é um número par e as relações, todas elas são, de raiz, em par. Logo dois. Dois é o número perfeito.
É o meu número de tardes livres, a hora em que retorno à sala de aula para mais uma carnificina cognitiva. É também o número da porta da minha sala e dos casos especias que tenho dentro da turma. Numa turma de três dezenas... e lá aparece o três. Gente a mais, e tinha de trazer o três, dez vezes. Como se uma vez não fosse suficiente. Há depois expressões infelizes do género "à terceira é de vez". Salvé rainhas para toda a gente. São coisas de pessoas que têm a mania de que sabem mais do que a Lúcia. Uma das três videntes barra pastorinhos barra santos de Fátima. Não lhe bastava fazer parte fazer parte dum trio, tinha ainda de ser a guardiã dos três segredos conjurados lá no distrito de Leiria ao pé duma azinheira. Outra vez o três... Mas isto têm de ser místico porque o nome da finada senhora também tem três sílabas, tal como o dos seus queridos primos videntes barra pastorinhos barra santos. Vejamos Lú-ci-a, Ja-cin-ta e finalmente Fran-cis-co. Que visão! Agora quem está a ter um momento de clarividência sou eu. O meu nome também tem três sílabas... foi mesmo a conta que se fez lá em cima! Sempre senti que ia ter um papel activo na revolução católica, mas não no bom sentido.
E assim chegamos de novo à tabuada do três, e ao número três.
Socorro encarregados de educação.

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